quarta-feira, junho 10, 2009

Voo 447: Imaturidade para tratar o caso


Mais uma tragédia na aviação brasileira, quer dizer, envolvendo o país. O interessante de analisar tudo o que se tem falado, e convenhamos, a mídia só tem mostrado isto, é comparar a postura do governo francês frente à imaturidade da nação do futebol. Vamos pontuar alguns casos, para bem ilustrar.

O ministro compatriota, Nelson Jobim, do Ministério da Defesa, disse friamente para consolar os parentes das vítimas, que os tubarões já poderiam ter comido os seus entes. Tamanha insensibilidade com a dor e tamanha incompreensão da gravidade do desastre. Os franceses, porém, enviaram um grupo de psicólogos para atender familiares. Além, de nomear um diplomata para conduzir os contatos, já que o acidente tem caráter internacional.

Sem contar a ‘farofa’ que as empresas do Brasil sempre fazem como estão envolvidas. Assim foi com a Varig, a TAM e a Gol. Eles reúnem familiares, amigos, amigo dos amigos e curiosos em um grande saguão. Soltas, sem informações precisas. No descaso total e coletivo. Já os franceses separaram as famílias e, somente a família, reuniram todas no Hotel Windsor, na Barra da Tijuca (Rio de Janeiro), e num atendimento individual cadastraram, consolavam e davam explicações.

Mas, se pudesse dar o troféu “Descaso do Ano”, com certeza entregaria ao presidente Lula. Ele, no máximo do devaneio, disse que "um país que acha petróleo a 6.000 metros pode achar um avião a 2.000". Misturou tudo! Até perdoa-se sua falta de entendimento, já que não estava por perto, ou melhor, muito longe do país. Já na França, Nicolas Sarkozy, foi ao aeroporto consolar os atingidos.

Mas o acidente, além de usado como promoção política econômica brasileira, na boca do chefe do executivo nacional, serviu para revisar seu Aerolula. O Airbus A319CJ, que leva o petista, trocará um dos equipamentos apontados como causa do acidente do voo 447. O site Extra Online dá mais informações.

Quem não se ligou do que estou falando, clica aqui, e leia mais sobre avião da Air France caiu no Oceano Atlântico no dia 31 de maio, quando ia do Rio de Janeiro para Paris com 228 pessoas a bordo, entre eles 58 brasileiros.

Ah, sobre a cobertura da mídia que transformou a dor das pessoas em uma bela novela mexicana, comento no próximo post. Enquanto isso, dá uma espiada no Observatório da Imprensa, e me aguarda aí.

terça-feira, abril 07, 2009

Desdobramentos ambientais

A cidade de Campos Novos, no Oeste catarinense, será palco para o desfecho do Novo Código Ambiental do Estado. O Governador, Luiz Henrique da Silveira, ira sancionar o Projeto de Lei (PL) nº 238/2008, no dia 13 de abril, às 14h. Depois de muitos debates, e bate bocas, o PL, produzido pelas secretarias de Agricultura e Desenvolvimento Sustentável, foi aprovado pela Assembleia Legislativa com 31 votos favoráveis, sete abstenções e nenhum voto contrário, no dia 31 de março. A data e o local são uma homenagem ao deputado relator do processo, Romildo Titon (PMDB).

Ao receber o projeto, na última quinta-feira (2), das mãos do presidente do Legislativo, deputado Jorginho Mello (PSDB), LHS deixou claro que entende o atual conjunto de leis como péssimo para a agricultura. “Com o novo código a agricultura, a produção, vai ser beneficiada”, garantiu. A nova legislação possui 306 artigos, reúne 26 leis estaduais já existentes e adéqua algumas exigências do Código Florestal Brasileiro (Lei nº 4.771/65). “O Código Ambiental de Santa Catarina será referência nacional. Ele é fundamental, porque faz a adequação da legislação vigente à realidade catarinense”, acredita Mello.

A matéria foi à votação com o texto apresentado pelo relator, que considerou o PL como “aquele que mais levantou o interesse e a participação da sociedade”, em seus 14 anos no Parlamento. “Esta é uma proposta da sociedade catarinense e vai ao encontro do que foi sugerido nas 10 audiências públicas realizadas para tratar do tema”, destacou deputado Titon. A Bancada do Partido dos Trabalhadores foi a que mais apresentou emendas ao projeto e durante a votação foi responsável por seis das sete abstenções. “O PT não mediu esforços para analisar, debater e aperfeiçoar o projeto. Ciente das inconsistências existentes e da complexidade do tema buscou dialogar com vários segmentos da sociedade”, esclareceu o líder Dirceu Dresch (PT).

O Ministério Público Federal encaminhou um ofício circular sugerindo que a votação fosse cancelada, afirmando que Constituição Federal define expressamente a competência da União para a elaboração das leis ambientais. A inconstitucionalidade tem sido levantada por diversas frentes. A ex- Ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, em entrevista ao Diário Catarinense, questionou a base técnica para as mudanças. “No meu entendimento, o código incorre em inconstitucionalidade”, caracteriza. Ela ainda destaca que o Estado tem contribuído com a maior perda de mata atlântica nos últimos 10 anos no país. O deputado líder do PMDB, Herneus de Nadal, afirma que “a Casa não é um tribunal. Ela é, sim, a voz do povo. Sendo assim, legisla com base nas demandas da população catarinense”.

Não foi possível chegar ao consenso quanto às áreas de preservação permanente (APPs), mas foram conciliadas as principais questões: a metragem para mata ciliar que é de 30 metros na legislação federal, passa a ser de cinco metros em pequenas propriedades (com menos de 50 hectares) e de 10 metros nas médias e grandes. “Esta proposta coloca o agricultor como amigo do meio ambiente, porque ele vai preservar, mas vai ganhar com isso também”, defendeu Titon.

Durante a votação
Plenário, saguão, sala de imprensa tudo no limite. As galerias da Alesc ficaram pequenas. Foi instalado um telão, na Praça Tancredo Neves, para que aproximadamente 10 mil agricultores, acompanhassem a discussão. Organizados em caravanas, eram de todas as regiões de Santa Catarina.

(Matéria completa no Bom Dia Santa Catarina, RBS/TV)

A antropologia explica

O número de índios comercializando artesanato no Centro de Florianópolis é grande. Um grupo deles chegou, faz uma semana, e está no calçadão da Rua Felipe Schmidt, onde apresentam um musical e vendem colares e afins. Mais do que escrever, vou postar umas fotos e um vídeo que fiz. As imagens são rápidas e de pontos discretos, pois a maioria dos índigenas não gostam de fotografia suas e de seus objetos.

(Em frente ao antigo prédio da Fazenda do Estado)

(Na esquina da Farmácia Sesi - Praça XV)

(Ao lado da Igreja São Francisco - Deodoro)

(Ao lado da Igreja São Francisco - Deodoro)



(Em frente a Loja Magazine Luiza na Felipe Schmidt)

segunda-feira, abril 06, 2009

Quem mora no Sul da Ilha é paciente

(Crédito: Jaércio Bento/Blog)

Todos os dias, pela manhã, ou no fim do dia, os moradores do Sul da Ilha são forçados a um exercício de paciência. O congestionamento na Rodovia SC-405, que liga o Centro a região, chega 1,5 km de fila sendo os horários de pico às 7h e às 18h30.


Depois de um bom tempo neste sofrimento, a população começa a receber propostas do Governo. Uma delas é a construção de uma terceira pista reversível, entre o Trevo da Seta e o Trevo do Rio Tavares, para ‘desafogar’ o movimento. O trânsito será alterado conforme o fluxo. Porém, a solução definitiva será a construção de um viaduto no Trevo da Seta.


Atualmente como medida emergencial a Prefeitura está implantando um corredor exclusivo para ônibus, na Avenida Jorge Lacerda, Costeira do Pirajubaé. Entre as 17h e 22h. Ação deve permanecer até a inauguração das outras obras.


A dimensão

- 7.010 passageiros enfrentam o trânsito da Via Expressa, sentido bairros, em horário de pico, por dia

- 4.590 passageiros enfrentam o trânsito da Costeira, sentido bairros, em horário de pico, por dia - 4 linhas circulam pela Via Expressa, fazendo 65 viagens em horário de pico

- 9 linhas circulam pela Costeira, fazendo 51 viagens em horário de pico

- Estima-se que 10 mil veículos circulem pelo trecho em horário do pico, nos dois sentidos - Do total do trânsito local entre 17h e 20h, 40% ocorre no sentido bairros/Centro e 60% no sentido Centro/bairros

Fonte: Secretaria de Transportes e Terminais e PMRv


Entenda melhor a Rodovia visualizando-a no mapa abaixo. Importante lembrar que, o Trevo da Seta é o ponto de encontro entre: a SC-405, Avenida Jorge Lacerda (Costeira) e a Via Expressa Sul. As três com grande concentração de veículos.




Exibir mapa ampliado

domingo, abril 05, 2009

Vídeo Campanha do Diploma - FENAJ

A Federação dos Jornalistas lançou essa campanha (2008) mostrando um balanço das ações pró-diploma. Achei interessante, pois a temática volta a discussão, com os debates nos STF sobre a Lei de Impresa.



(Fonte: www.youtube.com.br)

Blog como porta de acesso


Na terça-feira, dia 31 de março, o Jornal da Tarde, de São Paulo, publicou uma matéria no caderno variedades muito interessante para contribuir nas discussões da matéria de IMD3 (Internet e Mídia Digital). Editoras estão selecionando blogueiros para publicar os posts em livros. O mercado está crescendo e já existe, embora pequena, uma editora especializada.O título era ‘Para blogueiros, papel não é coisa do passado’. Fazendo uma análise, penso que a internet não substitui a mídia impressa, mas a completa. Que há uma rede de informação por meio dos blogs é claro. A novidade está na necessidade de materializar o conteúdo virtual.


Considero que o fenômeno se deve a pouca democratização do acesso ao meio e o alto índice de ‘analfabetismo digital’, que também pode ser ‘analfabetismo digital funcional’. Explico. Para uma pessoa que não tenho acesso freqüente a rede de computadores e assim não consegue acompanhar um ‘diário digital’, ler um livro, no ponto de ônibus, no metrô, na praça ou no intervalo, fica muito mais fácil. Já para aqueles que dominam em parte a tecnologia, utilizando-a apenas para sites de relacionamentos e software de mensagens instantâneas, usar ferramentas de busca para encontrar blogs ou gerenciá-los de forma profissional torna-se distante.


Na matéria, a qual disponibilizo o link aqui, têm histórias de autores que foram encontrados na rede. O critério para a escolha não é o número de acessos, mas o conteúdo. O box da página, explica que as editoras também procuram bons autores para livros, através da internet.
(Crédito da imagem: www.photobucket.com/album)

Velho guerreiro de São José

Deixo aqui um perfil do editor chefe do Jornal de Barreiros, para o qual faremos um encarte no Trabalho interdisciplinar (TI), neste semestre.

Os 75 anos e os cabelos brancos de Orestes Araújo dão credibilidade ao trabalho desenvolvido por este fotógrafo aposentado, que desde 1991, é editor chefe do Jornal de Barreiros, do qual tem orgulho de ser fundador. Apaixonado pela história da região, ele também é um conhecedor dos seus limites geográficos. Nascido em Garopaba, no sul do Estado, ele mudou-se em 1958 para o bairro.

Sua profissão é jornalista, porém conseguiu o registro profissional na condição de provisionado. O tablóide mensal de 8 mil cópias, começou totalmente em preto e branco, com 12 páginas. Hoje, possui quatro páginas coloridas entre as 16 da publicação, divididas por editorias aleatórias. Orestes acredita fazer o que consegue e não o que deseja. “É um feijão com arroz”, classifica.
“Já resgatamos muito da história de São José e do Distrito de Barreiros”, afirma sobre o papel da publicação. O jornal acompanhou o crescimento da população, a redução de empresas e a ampliação dos bairros. Sobre os avanços da Beira Mar Continental, ele brinca “o bairro não olha para o mar. Prefere a rodovia e os carros”.

Sua equipe atual é composta por três funcionários, entre repórter, secretária e editora. A distribuição dos exemplares é feita em três dias. Porém, confessa que já pensou em fechar o Jornal. “Acabo por receber incentivo dos leitores. Tem alguns que colecionam as edições. Isso me faz continuar”, explica.

quarta-feira, março 04, 2009

Prefeitura e Câmara de Vereadores de Florianópolis impõem modificações no Saco Grande contra Plano Diretor Participativo

A qualquer momento entra na pauta de votação da Câmara de Vereadores da Capital o Projeto de Lei Complementar (PLC) nº 948/2007, que altera a classificação do bairro Saco Grande - área leste - de Área Mista Central, que permite construções de até dois andares, para Área Comunitária Institucional. A mudança autorizará prédios de até 12 pavimentos, viabilizando a intenção de construção do anexo do Centro Administrativo do Estado. Após o pedido de audiência pública, solicitado pelo vereador Ricardo Camargo Vieira (PCdoB), ter sido negado, pela terceira vez em plenário, dia 17 de fevereiro, aguardam-se os procedimentos do presidente do Legislativo, vereador Gean Marques Loureiro (PSDB). O Projeto foi encaminhado à Câmara pelo prefeito Dário Elias Berger, em dezembro de 2007, e pretende alterar a Lei Complementar nº 001/97, além de ir contra o Plano Diretor Participativo vigente no bairro.

O Governo do Estado pretende construir duas torres, que podem chegar a 17 andares, com cerca de 52 mil metros quadrados de área ocupada. Segundo o vereador que propôs o pedido da audiência pública, o projeto não prioriza a participação da comunidade. “Essa construção é um tapa na cara dos moradores”, critica. Vieira explica que a rotina do bairro será alterada com a presença de aproximadamente 5 mil servidores estaduais. “O impacto será muito grande”, supõe.

Desde 2007, o processo já foi analisado por diversos órgãos tanto do Executivo quanto de Legislativo. A Companhia Catarinense de Águas e Saneamento (Casan) deixou claro em seu relatório que o sistema de abastecimento d’água do bairro “está no limite de atendimento”, assim como o sistema de esgoto que “está disponível apenas para atender a demanda atual do Centro Administrativo”. Do ponto de vista ambiental, o Instituto Chico Mendes de Conservação Ambiental, ligado ao Ministério do Meio Ambiente, é contrário ao Projeto. Manifestação que desapareceu no parecer do relator da peça, vereador João da Bega Itamar da Silveira (PMDB). Favorável à tramitação, ele sustenta que “ambientalmente, não existe posicionamento contrário”.

“A comunidade não é contra o projeto. Ela quer estudar os impactos que ele vai causar no seu dia-a-dia”, esclarece o vereador Ricardo, exemplificando com as alterações que deverão ser feitas em estradas, rede elétrica e de telecomunicações e creches. “Queremos apenas ampliar essa discussão”, completa. Eleonora Cristina Kaczur, membro do Fórum Social do Saco Grande, destaca que muitos pontos do Projeto são obscuros para comunidade. “Faltam maiores esclarecimentos”, cobra. Em setembro de 2008 foi realizada uma audiência pública para debater o tema, no Plenarinho da Câmara. Além de não ter ocorrido no bairro, foi marcada às 15h, impossibilitando a participação de muitos moradores que estão em horário de trabalho. Foram registradas, pela secretaria da comissão, 34 presenças, que, na grande maioria, são funcionários da casa e representantes de outros órgãos oficiais.

A primeira votação, e aprovação, do PLC foi na sessão extraordinária de 26 de janeiro, período considerado inapropriado pelo Regimento Interno da Câmara, que prevê no artigo 192B, que matérias consideradas como alterações no Plano Diretor e no zoneamento devem ser votadas nos meses de novembro e março. Também no Regimento, está previsto que são necessárias duas votações para projetos com essa classificação, o que deve ser feito em breve. Quando aprovado na Casa Legislativa será encaminhado para sanção do prefeito, que, segundo o vereador Ricardo, deveria sensibilizar-se pela causa. “O que achamos difícil”, prevê.
O Fórum Social do bairro convocou para o dia 19 de março às 19h30, no Salão da Igreja Matriz, nova audiência pública, que além de debater o PLC, vai organizar um relatório para o Ministério Público Federal e Estadual. “Se for preciso entraremos, também, com uma Ação Civil Pública”, garante Eleonora.

sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Pouca estrutura e muita naturalidade

Um carcereiro, um estagiário, uma escrivã e três investigadores. A noite parece começar tranquila na Central de Polícia de São José. Paredes brancas, muitas portas e no canto um vaso de comigo-ninguém-pode. São 39 presos divididos em três celas com capacidade máxima para duas pessoas cada. Mesmo diante das últimas fugas no Estado, o clima é de naturalidade com a rotina do órgão.

O delegado de plantão saiu, para resolver assuntos pessoais, sem hora para voltar. Assim como o outro carcereiro. No atendimento, ficou o estagiário, do curso de Direito, que se mostra complacente com o que vê. Bruno Cypriano tem histórico familiar no serviço policial o que aponta como a maior influência por estar ali. Sorrindo sempre e fazendo muitas brincadeiras, ele planeja seguir carreira na área. O próximo concurso é para agente prisional. “Ser agente é bom, porque bate nos presos lá dentro”, define.

Ao abrir a porta que dá acesso às celas, o silêncio reina por segundos, até os primeiros olhares. O ambiente úmido e abafado é tomado por frases soltas. Ora de piadas, acompanhadas de murmúrio e risos, ora de denúncias. “Estou preso porque roubei um passe’, grita um. “Aqui tem até ladrão de Coca-Cola”, exclama o outro. “Já paguei a fiança e ainda estou aqui. Não sei o que estão fazendo na cadeira lá”, protesta o terceiro. “Nossos colchões estão todos molhados”, reclama o último. Porém, todos consideram o saldo do dia positivo, já que ganharam cobertores novos.

A prata da casa é o preso conhecido por `Regalia`. Seu nome, seu crime e sua pena não foram divulgados pelo carcereiro por sigilo. Sua rotina é lavar viaturas, comprar cigarros para funcionários e outros serviços. Atualmente está em regime semiaberto, é recolhido todos os dias ás 18h.