sexta-feira, fevereiro 27, 2009

Pouca estrutura e muita naturalidade

Um carcereiro, um estagiário, uma escrivã e três investigadores. A noite parece começar tranquila na Central de Polícia de São José. Paredes brancas, muitas portas e no canto um vaso de comigo-ninguém-pode. São 39 presos divididos em três celas com capacidade máxima para duas pessoas cada. Mesmo diante das últimas fugas no Estado, o clima é de naturalidade com a rotina do órgão.

O delegado de plantão saiu, para resolver assuntos pessoais, sem hora para voltar. Assim como o outro carcereiro. No atendimento, ficou o estagiário, do curso de Direito, que se mostra complacente com o que vê. Bruno Cypriano tem histórico familiar no serviço policial o que aponta como a maior influência por estar ali. Sorrindo sempre e fazendo muitas brincadeiras, ele planeja seguir carreira na área. O próximo concurso é para agente prisional. “Ser agente é bom, porque bate nos presos lá dentro”, define.

Ao abrir a porta que dá acesso às celas, o silêncio reina por segundos, até os primeiros olhares. O ambiente úmido e abafado é tomado por frases soltas. Ora de piadas, acompanhadas de murmúrio e risos, ora de denúncias. “Estou preso porque roubei um passe’, grita um. “Aqui tem até ladrão de Coca-Cola”, exclama o outro. “Já paguei a fiança e ainda estou aqui. Não sei o que estão fazendo na cadeira lá”, protesta o terceiro. “Nossos colchões estão todos molhados”, reclama o último. Porém, todos consideram o saldo do dia positivo, já que ganharam cobertores novos.

A prata da casa é o preso conhecido por `Regalia`. Seu nome, seu crime e sua pena não foram divulgados pelo carcereiro por sigilo. Sua rotina é lavar viaturas, comprar cigarros para funcionários e outros serviços. Atualmente está em regime semiaberto, é recolhido todos os dias ás 18h.

Um comentário:

  1. Dá vontade de continuar lendo o texto, como se esse fosse o primeiro de uma série de posts.

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